Na manhã desta terça-feira (8), a sede da ABMES recebeu mantenedores, gestores educacionais e especialistas para discutir um dos temas mais urgentes e transformadores do setor educacional: o uso da inteligência artificial (IA) na gestão das instituições de ensino superior (IES). O seminário, realizado exclusivamente de forma presencial, abordou cases, reflexões e ferramentas práticas que estão moldando o futuro da educação.
Com mediação do diretor presidente da Associação, Janguiê Diniz, o encontro foi marcado por falas provocativas e inspiradoras. Logo na abertura, Janguiê destacou como a IA pode impactar no crescimento empresarial e apresentou uma lista robusta de aplicações já possíveis da tecnologia, da automação administrativa à personalização do ensino. “A IA está transformando todos os setores. Ela é capaz de simular cenários, analisar sentimentos, prever evasão e criar conteúdos em segundos. Precisamos aproveitá-la com responsabilidade, sem ignorar os riscos que carrega”, alertou.
Na sequência, o vice-presidente da ABMES e conselheiro da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), Celso Niskier, traçou um panorama histórico e técnico da evolução da IA, desde os primeiros modelos simbólicos até as redes neurais e os sistemas de aprendizagem adaptativa. Ele também apresentou os caminhos debatidos no CNE para regulamentar o uso da IA na educação. “Nossa proposta prevê que a IA esteja presente de forma transversal em todos os níveis de ensino, da educação básica à superior, mas sempre com mediação pedagógica do docente e com forte compromisso ético”, defendeu.
IA no dia a dia das IES
O seminário também contou com a participação do empreendedor Lucas Moraes, CEO da Toolzz e fundador da Edulabs, que apresentou um conjunto de soluções utilizadas por grandes instituições. Lucas demonstrou, ao vivo, como criar apresentações, podcasts e agentes virtuais com IA em tempo real. “A IA não é mais uma promessa, é uma realidade. Quem não estiver testando agora, vai ficar para trás”, afirmou. Ele destacou ainda o uso crescente de inteligência artificial para captação de alunos, correção de redações, atendimento 24h e personalização de trilhas de aprendizagem.
Ao longo de sua exposição, Luciano Sathler, CEO da CertifikEDU e conselheiro estadual de educação em Minas Gerais, apresentou caminhos viáveis para a adoção de inteligência artificial por instituições que não dispõem de grandes recursos financeiros. Ele defendeu que o ponto de partida deve ser a clareza sobre o que precisa continuar sendo feito por pessoas e o que pode ser automatizado. “Crie uma biblioteca institucional de prompts e comitês de governança de dados e de IA. Isso vai ser exigido por regulamentações futuras, mas, acima de tudo, é uma questão de responsabilidade institucional”, afirmou. Ele também demonstrou, em tempo real, como gerar projetos e relatórios com IA em poucos minutos e alertou: “Use a tecnologia com critério. O que parece gratuito hoje pode ter um custo alto amanhã”.
Já Roberto Miranda, reitor da URM Education, que participou remotamente a partir do Vale do Silício, nos Estados Unidos, ofereceu uma leitura estratégica sobre o papel da IA na reformulação do modelo educacional. Para ele, não basta adotar ferramentas tecnológicas sem revisar a forma como as instituições se relacionam com os estudantes. “A inteligência artificial deve estar integrada à cultura institucional. É uma aliada para criar experiências personalizadas, não apenas para automatizar tarefas”, disse. Segundo Roberto, a relevância das IES dependerá da sua capacidade de adaptação: “Quem demorar a agir pode simplesmente deixar de ser competitivo”.
Nova parceria abre caminhos para os associados
Uma grande novidade anunciada logo no início do seminário consistiu na nova parceria da ABMES com a Google. Por meio do Google Cloud, as instituições associadas à ABMES terão a oportunidade de oferecer aos seus estudantes uma capacitação em computação em nuvem exclusiva, que contará com a participação de engenheiros da empresa global na interação e no suporte aos alunos. Como explicou a executiva Tatiana Cogli, o propósito da Academia de IA Generativa consiste em “formar uma geração de talentos preparada para o mercado de tecnologia. Essa parceria é ambiciosa, e nosso foco é democratizar o acesso à capacitação em IA e cibersegurança”, afirmou.
Durante o evento, os participantes também puderam conhecer de perto soluções oferecidas pelas empresas parceiras GVdasa, Cerbrum e Isaac, com a exposição de produtos voltados à gestão acadêmica, financeira, educação a distância EAD e inteligência institucional.
Mais do que debater tendências, o encontro reforçou o papel da ABMES como articuladora de iniciativas que antecipam os desafios do setor educacional e apontam caminhos estratégicos para o uso da tecnologia com propósito e responsabilidade.