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Nova gestão da ABMES reúne líderes da educação superior para discutir rumos do setor privado

14/05/2025 | Por: ABMES | 690
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Debate promovido pela entidade reuniu mantenedores dos principais grupos do setor para discutir regulação, EAD, gerações e futuro da educação superior particular.
Em meio às incertezas regulatórias e às rápidas transformações sociais e tecnológicas, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) promoveu, nesta terça-feira (13), o seminário “Perspectivas da Educação Superior: um olhar estratégico”. Mediado pelo diretor presidente Janguiê Diniz, o evento marcou a primeira ação pública da nova gestão da entidade e reuniu lideranças dos maiores grupos privados de ensino superior do Brasil.


A proposta do encontro foi clara: criar um espaço direto de diálogo com quem está no centro das decisões — lideranças que vivenciam os impactos cotidianos das mudanças que desafiam a sustentabilidade da educação superior privada no Brasil. Juntos, Jânyo Diniz, do Grupo Ser Educacional, Beatriz Maria Eckert-Hoff, da Cruzeiro do Sul Educacional, Ivan Motta, do Grupo Vitru Educação, e Cláudia Romano, da YDUQS, conduzem a formação de quase metade dos universitários brasileiros. 


Durante o seminário ficou evidente o reconhecimento coletivo de que a educação superior brasileira vive uma transformação estrutural sem precedentes — impulsionada por mudanças demográficas, tecnológicas e regulatórias. Os líderes educacionais presentes foram unânimes ao afirmar que o modelo acadêmico tradicional, centrado em uma trajetória linear e voltado exclusivamente para jovens de 18 a 24 anos, já não responde às demandas de uma sociedade que exige formação contínua, flexibilidade curricular e integração real com o mundo do trabalho. “O que está sendo posto aqui não são tendências — são realidades. A gente vive num mundo totalmente diferente”, afirmou o diretor presidente da ABMES.


O debate ressaltou a necessidade urgente de alinhar a regulação à realidade do setor, de reconfigurar o papel das instituições como parceiras ao longo de toda a vida produtiva dos estudantes, e de investir em personalização, tecnologia e competências humanas como pilares para a sustentabilidade e a relevância do ensino superior no Brasil.


Regulação sob tensão


A indefinição sobre o novo marco regulatório da educação a distância (EAD) foi apontada como um dos principais fatores de instabilidade para o setor. Ivan Dias da Motta, diretor de Regulação do grupo Vitru Educação e vice-reitor da UNICESUMAR, destacou que “o novo decreto vai praticamente dobrar o número de instituições credenciadas para a oferta EAD”, o que, segundo ele, deverá pressionar ainda mais a queda do ticket médio e ameaçar a sustentabilidade dos polos educacionais.


“A supervisão será inevitável. Hoje temos graduação em três meses, nutrição em um ano e meio. Não estamos mais falando apenas de inovação, mas de concorrência desleal”, alertou Motta. Para ele, é urgente que a regulação atue de forma pedagógica e não meramente punitiva: “Não adianta ter um novo marco se não houver fiscalização ativa dos casos extremos”.


Outro ponto recorrente nas falas dos painelistas foi a convivência multigeracional em sala de aula e os impactos sobre os modelos acadêmicos tradicionais. “Hoje temos pelo menos quatro gerações estudando ao mesmo tempo — de adolescentes a pessoas com mais de 70 anos. Nosso modelo regulatório foi pensado para jovens de 18 a 24 anos, mas essa realidade já não existe mais”, afirmou Jânyo Diniz, CEO do Grupo Ser Educacional.


Para ele, o ensino superior precisa assumir o compromisso de acompanhar o aluno ao longo da vida, e não apenas durante a graduação. “Nós temos que ser parceiros do profissional durante toda a sua vida economicamente ativa. A instituição de ensino não pode mais se limitar à ‘vida universitária’, ela deve estar presente em cada momento de transição e requalificação do estudante.”


Ainda sobre a modalidade EAD, que hoje concentra a maior parte das matrículas do ensino superior privado, foi amplamente discutida. “O ensino a distância democratizou o acesso e passou a atender perfis de alunos antes excluídos do sistema. Mas é preciso ressignificar o valor do EAD para a sociedade e não permitir que práticas irresponsáveis comprometam todo o setor”, afirmou Cláudia Romano, vice-presidente do grupo YDUQS e presidente do Comitê ESG da ABMES.


Ela reforçou a importância da personalização do aprendizado, mesmo em larga escala: “A personalização é a maior fortaleza para elevar os resultados acadêmicos. Nós não somos apenas formadores de diplomas — queremos oferecer experiências transformadoras, com impacto real na vida e na carreira dos nossos alunos.”


Beatriz Eckert-Hoff, vice-presidente de Excelência Acadêmica da Cruzeiro do Sul Educacional e representante das universidades na nova diretoria da ABMES, trouxe reflexões sobre as competências necessárias para o futuro do trabalho. “O estudante de hoje não se molda mais às instituições. São as instituições que precisam se moldar aos estudantes. Isso exige uma profunda revisão curricular, alinhada às novas habilidades exigidas pelo mercado, como pensamento analítico, literacia tecnológica, empatia e liderança social.”


Segundo ela, é necessário investir fortemente na formação de professores e gestores. “Sem bons professores, não há modelo acadêmico que se sustente. Precisamos prepará-los para ensinar novas habilidades e navegar nas incertezas desse novo tempo.”


Encerrando o encontro, o diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz, reforçou o compromisso da entidade com a defesa técnica e propositiva do setor privado de educação superior. “As instituições privadas não precisam pedir licença para defender seus interesses. A ABMES estará onde for necessário: com dados, com propostas e com voz ativa”, afirmou.


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