A abertura oficial do XVII Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (CBESP), realizada no fim da tarde desta terça-feira (28), na cidade de Touros (RN), deu início a três dias de discussões estratégicas sobre os rumos da educação particular no Brasil. Com o tema central “Transformando pessoas pela educação na construção de um Brasil de todos e para todos”, o Congresso reúne cerca de 500 participantes e destaca a importância da inovação pedagógica, dos desafios regulatórios e da inclusão como pilares para o futuro do setor.
O secretário executivo do Fórum Brasil Educação e presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Janguiê Diniz, iniciou a cerimônia com uma mensagem de acolhimento aos congressistas: “Hoje, todos nós estamos escrevendo mais uma página na história dos CBESPs. Juntos, somos mais fortes e expressivos nos cenários nacional e internacional, principalmente em defesa da livre iniciativa e da educação inclusiva, diversificada, sustentável e empreendedora, com qualidade e aderência às especificidades do século XXI”, declarou.
A sessão solene contou com uma composição plural e representativa da educação superior brasileira. Estavam presentes: Janguiê Diniz (Fórum Brasil Educação e ABMES), Marcelo Chucre (presidente da Linha Direta), Paulo Chanan (presidente da ABRAFI), Celso Niskier (conselheiro do CNE), Henrique Sartori (conselheiro do CNE e vice-presidente da ABMES), Ulysses Teixeira (diretor de Avaliação da Educação Superior do INEP/MEC), Simone Horta (presidente da CONAES), João Argenta (presidente da ANFIP), Arthur Sperandéo (presidente da ANACEU), Cleunice Rehem (presidente da BRASILTEC e conselheira do CNE), Carlos Joel Pereira (presidente do SEMESB/ABAMES), Marcos Fernando Ziemer (vice-presidente da ABIEE), Amábile Pacios (vice-presidente da FENEP), Rodrigo Capelato (diretor executivo do SEMESP), João Jorge Fernandes (representando a ANFEP), Prof. Gilberto Garcia (representando a ANEC), Eduardo Prado (vice-presidente do SEMERJ), Pedro Barbosa (secretário adjunto de Educação de Touros) e os conselheiros do CNE Mônica Saes Sabucedo, Elizabeth Guedes e Paulo Fossati.
Em nome da Prefeitura de Touros, o secretário adjunto Pedro Barbosa deu as boas-vindas aos participantes, agradecendo a presença de autoridades e especialistas e destacando a importância do evento para o município. “É uma honra acolher este grande congresso em nosso município. Sejam todos bem-vindos à nossa terra”, agradeceu. Na sequência, o diretor de Avaliação da Educação Superior do INEP, Ulysses Teixeira, reforçou o compromisso da autarquia com o diálogo: “Estamos discutindo mudanças no Enade, na avaliação dos cursos de Medicina e Licenciatura, além de novos indicadores. Não dá para fazer nada disso sem conversar com vocês. Vocês representam a maioria das instituições, cursos e matrículas do país”, afirmou, citando dados do Censo da Educação Superior 2023.
O conselheiro do CNE, Henrique Sartori, também destacou a importância da articulação do setor: “Majoritariamente, o setor privado sustenta o ensino superior brasileiro. Precisamos estar unidos na defesa de uma educação de qualidade e de políticas públicas claras e democráticas”.
Em seu discurso, Janguiê Diniz fez uma análise crítica do Novo Marco Regulatório da educação a distância, que estabelece restrições e reformulações para o formato EAD e semipresencial. “A normativa parece refletir o entendimento equivocado de que o setor privado não está comprometido com a qualidade. Isso é desconectado da realidade. A maioria das IES atua com seriedade, pedagogia responsável e estrutura adequada. Mudar as regras não é suficiente. É preciso avaliar e supervisionar com efetividade”, argumentou.
Ele também comentou sobre o papel estratégico no desenvolvimento educacional e social do país. “Somos responsáveis por 88,8% das instituições de ensino superior e por cerca de 80% das matrículas em cursos de graduação do país. Portanto, a cada quatro estudantes universitários no Brasil, três estão nas nossas IES privadas”, destacou. E defendeu a inclusão como eixo central das políticas educacionais, ressaltando o impacto transformador da educação privada em regiões desassistidas e entre públicos historicamente marginalizados. “Assim como foi comigo, milhões de pessoas têm na educação a única ponte capaz de conectá-las a um futuro mais digno e inclusivo.” Para o secretário executivo do Brasil Educação, reconhecer a capilaridade, agilidade e capacidade de inovação das instituições privadas é essencial para que o Brasil avance rumo a uma sociedade mais justa e preparada para os desafios do século XXI.
Tecnologia e Inovação
O talk-show de abertura, com o tema “Inovação e Tecnologia Aplicada ao Ensino Superior”, foi conduzido por Janguiê Diniz e Celso Niskier, e teve como destaque a conferência de Martha Gabriel, futurista e autora premiada. Com uma apresentação vibrante e provocadora, Martha traçou um panorama sobre a aceleração tecnológica, a ascensão da inteligência artificial e o impacto dessas transformações nos modelos educacionais.
Martha Gabriel fez uma apresentação sobre o impacto das tecnologias emergentes na educação, destacando que o ritmo acelerado das transformações exige uma mudança profunda de mentalidade. “A educação precisa parar de focar apenas no que foi importante no passado e começar a preparar para o que ainda não existe. A IA já está revolucionando desde o planejamento das aulas até a personalização da aprendizagem. Não podemos mais tomar decisões de longo prazo com cabeça de curto prazo”, afirmou.
Para ela, letramento em futuros e pensamento crítico serão competências essenciais não apenas para alunos, mas também para professores e gestores. A futurista também provocou o público a repensar a tomada de decisões educacionais, alertando para o risco de uma automatização sem direção, que apenas reproduz modelos ultrapassados. “A tecnologia não substitui o humano. Ela potencializa. Mas só se for usada com propósito, imaginação e método”, enfatizou. Concluiu afirmando que o grande desafio atual é unir visão de futuro com capacidade de execução estratégica: “A pior coisa que podemos fazer hoje é estar ocupados fazendo o que não é mais necessário”, concluiu.
Sobre o CBESP
A programação do XVII CBESP está centrada em temas estratégicos como o novo Plano Nacional de Educação (PNE 2024–2034), financiamento estudantil, internacionalização, políticas de permanência, novo marco da EAD e formação docente, com a participação ativa de representantes do Ministério da Educação (MEC), do Conselho Nacional de Educação (CNE) e das principais entidades mantenedoras.
Além dos paineis e workshops, o evento prevê a leitura da Carta de Touros — documento que reunirá proposições concretas para o aprimoramento das políticas públicas — e a apresentação da nova Agenda Trienal do Fórum Brasil Educação (2025–2027), que norteará a atuação do setor nos próximos anos.
Criado em 2008, o CBESP é promovido pelo Fórum Brasil Educação, composto por entidades como ABMES, ABRAFI, ABIEE, ANFEP, AMPESC, AMIES, ANACEU, ANEC, BRASILTEC, CONFENEN, FENEP, FONIF, SEMERJ, SEMESB/ABAMES e SEMESP. Organizado pela Linha Direta, o congresso já passou por cidades como Recife (PE), Foz do Iguaçu (PR), Gramado (RS), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Mogi das Cruzes (SP) e Alexânia (GO), consolidando-se como um evento itinerante de referência nacional.
A cada edição, o CBESP reúne presencialmente cerca de 500 participantes entre mantenedores, reitores, gestores e formuladores de políticas públicas. As transmissões online, realizadas pelo YouTube, ultrapassam dois mil espectadores por edição, atingindo público no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Portugal e países da América Latina.